Aguardava o jogo Corinthians x Portuguesa ouvindo o rádio, quando começei a escrever este post. A partida representará não somente o início da temporada 2011 e a estréia do Timão no Campeonato Paulista. Mas daqui a daqui a pouco, começará o 1º jogo do último ano da carreira de Ronaldo, o maior ídolo que vi no futebol.
Em razão da minha idade, foram poucos os jogadores fora de série que vi em campo. Maradonna (na verdade, o final melancólico de sua carreira), Romário, Messi, Zidane, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo são alguns destes exemplos. Mas o Fenômeno supera, e muito, todos eles para mim, muito antes dele vestir o manto corintiano, pois cresci acompanhando grandes ídolos do Timão, como Ronaldo (o goleiro), Marcelinho, Neto, Viola, Gamarra, Rincón, Dida, Vampeta, entre outros. A principal diferença, creio que acompanhei o processo de formação do mito.
Assisti pela TV ao 1º jogo oficial de Ronaldo como profissional: Cruzeiro 0 x 2 Corinthians, na rodada de abertura do Campeonato Brasileiro de 1993. Lembro que o jogo marcou a estréia do volante Zé Elias como profissional no Timão. Na ocasião, os dois tinham 16 anos de idades. E ai, não demorou nada para o moleque dentuço encantar a todos com gols e jogadas incríveis.
Ronaldo é um dos maiores exemplos de um jogador no futebol globalizado. Em menos de um ano como profissional, deixou o país aos 17 anos, como vice-artilheiro brasileiro, campeão e artilheiro mineiro e, principalmente, vencedor de uma Copa do Mundo! E nunca me esquecerei como, aos 11 anos de idade, vibrava com a caminhada para o Tetra e torcia para que o então “Ronaldinho” jogasse, alguns minutos que fosse! (Tudo bem ele ser reserva, porque meu ataque titular seria Bebeto, Romário e Viola...)
Sendo assim, sempre torci por ele por onde passou, mesmo só acompanhando muitos de seus lances mágicos pela TV. Torcer para valer, só mesmo com a camisa do Brasil, marcados pela perplexidade em 1998, a consagração com o Penta em 2002 e a inscrição definitiva de seu nome na história em 2006, como maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Claro, sem esquecer que me senti realizado, quando após três cirurgias de joelhos de altíssima gravidade, vi o Fenômeno voltar para calar milhares de secadores!
A única vez que achei que fim havia chegado foi em 2008, quando ele saiu de campo chorando ao romper o tendão do joelho pela 3ª vez. Mas logo senti firmeza na volta, ao vê-lo levando a sério a fisioterapia e quando começou a treinar no Flamengo. Até pensei comigo mesmo: “Como ele é flamenguista, é bem capaz do Milan emprestá-lo para jogar o Campeonato Carioca, entrar em forma e voltar para a Itália”. E assim o Flamengo pensou que seria, e ainda por cima, de graça.
Até que começaram a surgir boatos de que o Corinthians estava interessado em contratar o Fenômeno. Duvidei, achei que era especulação barata da imprensa até que, dia após dia, senti que o negócio era sério. Não me contive de alegria quando o negócio foi fechado e torcia de todo coração para ele se superar mais uma vez, com a camisa do Timão.
Aguardava ansioso pela estréia, até que ela veio contra o Itumbiara, pela Copa do Brasil 2009: não contive as lágrimas quando aos 22min do 2º tempo, o vi levantar do banco de reservas e entrar em campo, fazendo algumas boas jogadas. E o que dizer do jogo seguinte, veio o 1º gol: empate contra o Palmeiras nos acréscimos? Poucas vezes em minha vida comemorei um gol como se fosse um título.
E assim tem sido com Ronaldo no Corinthians, seja nos títulos do Paulistão e da Copa do Brasil 2009, os gols decisivos e importantes, em especial nos clássico. Até que em 2010, consegui vê-lo em campo pela 1ª vez, 2x1 contra o Vitória, no Pacaembu. Apesar de ele estar voltando naquele jogo depois de mais de 60 dias fora, visivelmente longe de sua melhor forma e não ter feito gol, senti uma emoção fortíssima, vibrando com as jogadas precisas que fez nas poucas vezes que tocou na bola. Afinal, até 2008, não tinha nenhuma expectativa de vê-lo jogando ao vivo, muito menos, com defendendo meu time!
E é isto que Ronaldo cada vez mais é, especialmente no final de sua carreira, como ele mesmo disse, que só acontece para compensar as frustrações pelas seguidas lesões e a falta de títulos no Centenário do Corinthians. Claro, ninguém é ingênuo de achar que ele voltará à plena forma e que terá a mesma explosão que tinha aos 20 anos. Mas é justamente o carisma e a liderança exercidas e sua capacidade de definir uma partida em poucos lances que diferencia os gênios. E torço que 2011 seja lembrado como mais um exemplo de superação do Fenômeno, o último ano, que como fã incondicional espero comemorar cada instante.
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