segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

“Não tinha medo o tal João de Santo Cristo...”



Agora a informação é oficial: após quase 20 anos de especulações (como ilustra o cartaz fictício acima), finalmente será produzido em 2011 o filme “Faroeste Caboclo”, inspirado na música da Legião Urbana. Entre todas as músicas da banda considerada hinos por seguidas gerações, “Faroeste” sempre se mostrou com maior vocação cinematográfica, além de ser especialmente emblemática para mim.

Renato Russo compôs a música em 1979, período em que se apresentava como “O Trovador Solitário” pela noite de Brasília. Gravada pela banda no disco “Que país é este?” (1987), logo se tornou um grande sucesso, narrando a triste trajetória de João do Santo Cristo em forma de canção, por mais de 9 minutos, sem cansar. Conheci a música em 1993, aos 10 anos, graças a uma fita cassete gravada por um amigo de um LP de sua irmã mais velha (sim: conheci um mundo sem internet, MP3 e downloads!).

Juntamente com um 3º amigo, ouvíamos a canção por seguidas vezes, impressionados não só pelo “palavrão” nos versos finais, mas pela contundência da letra, escancarando uma realidade brasileira com uma riqueza de detalhes e descrições que nem tínhamos condições de conhecer. A partir daí, para eu virar fã incondicional da Legião foi muito fácil!


Ao longo dos anos, várias tentativas de filmar “Faroeste” surgiram, especialmente depois da morte de Renato, porém, sem nenhum êxito. Com isso, vários boatos surgiram sobre o possível elenco de um filme que nunca havia entrado em pré-produção. Os nomes sempre mudavam conforme os atores envelheciam, como Fábio Assunção e Cláudia Abreu, Selton Mello, Lázaro Ramos...

Gostei da confirmação de Fabrício Boliveira (esquerda) como o protagonista, ator que já demonstrou talento cômico e dramático em atuações na TV, como “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” e as novelas “Sinhá Moça” e “Favorita”. Já Felipe Abib (direita) apareceu em alguns comerciais de TV e, embora não conheça sua atuação, achei via Google ótimas referências sobre seu trabalho no teatro. E pela foto, sua fisionomia convencerá como o traficante Jeremias, aquele que atirava pelas costas, desvirginava mocinhas inocentes e dizia que era crente mas não sabia rezar...

Agora, acertadíssima foi a escolha da musa Isís Valverde como Maria Lúcia! Uma das boas revelações da TV nos últimos anos, até mesmo por suas mocinhas nas novelas, creio que ela convencerá com o ar de inocência (mesmo que apenas aparente) exigido pela personagem. E convenhamos, com uma Maria Lúcia destas, até eu me arrependeria de todos meus pecados e voltaria a ser carpinteiro...



E o legal do filme ser produzido em 2011 é porque estamos na era da Web 2.0 e das redes sociais! O Yahoo manterá um blog, onde atualizará constantemente informações a respeito do filme! Vou acompanhar, pois desconheço mais detalhes de como “Faroeste Caboclo” será.

Como palpite, torço para ser um filme que se passe na época em que a canção foi composta, cheio de referências ao país na época, incluindo política, costumes, sociedade e a trilha sonora, óbvio. Aliás, fico curioso como concretizar a única metafórica do filme, no caso, o Duelo da Ceilândia...

No mais, “Faroeste Caboclo” valerá como registro histórico de um período cultural riquíssimo do país e de uma das bandas que melhor o representa. Assim, ele ajudará a Legião a se perpetuar por mais gerações ainda, especialmente em relação ao fundo poço em que o pop e o rock brasileiro chegaram nestes anos 2000. Por estas e outras que muitos são passageiros, mas poucos são aqueles que se eternizam, afinal:


“URBANA LEGIO OMNIA VINCIT!”


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