sábado, 30 de abril de 2011

Casamento (Ir)Real


E fechando o fim de semana em que praticamente só se falou do Casamento Real em todo mundo, homenageio aqui outro casamento, em que nada lembra o outro em pompa, requinte ou glamour da corte. Porém, mesmo sem ter acontecido de verdade, com certeza, os dois estariam em pé de igualdade em encher os corações de alegria.

Companheiro da infância de milhões de crianças em diversos países há mais de 30 anos, em especial no Brasil, "Chaves" é sempre lembrado com carinho especial. Um destes motivos, são seus episódios reprisados exaustivamente até hoje - facilitando que diálogos e sequências sejam inteiramente decorados pelos fãs.

Entretanto, alguns episódios passaram apenas poucas vezes, enquanto outros sequer chegaram às mãos de Sílvio Santos. Entre eles, este aqui, que minha amiga Larissa descobriu pelo Facebook. Neste trechinho abaixo, vemos um inusitado casamento entre Seu Madruga e a Bruxa do 71...



O vídeo está legendado e com alta resolução, recomendo que este trechinho seja assistido na íntegra (risadas e saudades garantidas!). Mas para quem não quiser, há uma versão reduzida dele abaixo (o importante é não deixar de assitir...)


quinta-feira, 28 de abril de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

"We're caught in a trap... I can't walk out..."



Em meio a uma semana na qual muitos estão falando de casamento real, príncipe, princesa, realeza, entre outros assuntos relativos à corte, vou mais uma vez falar de um Rei, mas este sem nenhuma relação com o Palácio de Buckingham. Mas apesar da falta de títulos formais, sim: Elvis Presley será eternamente lembrado, com um lugar cativo em meio à nobreza.

Segunda-feira (25), assistia ao capítulo da novela "das 21h, entretenimento ao qual tanto aprecio. Apesar das várias críticas à "Insensato Coração", ressalto os pontos fortes da trama. Entre eles, a trilha sonora (uma coletânea de clássicos de diversas épocas) e André Gurgel, cuja talento de Lázaro Ramos tornou carismático um conquistador que simplesmente "se acha o Cara" nos aspectos sexual, pessoal e profissional.

Voltando, ao ver as primeiras cenas do casal que irá ser formar entre ele e a garota Leila, de Bruna Linzmeyer (atriz que a Globo deve ter buscado no Olimpo...), me surpreendi ao ouvir a música tema escolhida: "Suspicious Mind", gravada originalmente pelo Rei em 1969, em ótimo remix de 2010.

Desde então, a cantarolo a toda hora, ainda mais depois de ouvir novamente hoje. Infelizmente, não posso reproduzi-la do Youtube, mas indico o link aqui, pois merece ser vista.

Entretanto, fiquei mais impressionado quando constatei coisa melhor. É só conferir para comprovar: a apresentação ao vivo feita pelo Elvis, 30 anos antes do remix, é muito mais dançante e capaz de levantar mais o público!




segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pérola Negra

Foto: Ninil Gonçalves / Blog Obglíquo Olhar

Assisti no fim da noite da última sexta-feira (21) ao excelente quadro do jornalista Nelson Motta no "Jornal da Globo" - que já havia elogiado quando falou de Gonzaguinha. Na semana passada, o homenageado foi um  grandes compositores e intérpretes ainda vivos do Brasil: Luiz Melodia. 

O artista, que comemorou 60 anos em janeiro, é dono de um estilo marcante, com um timbre de voz e interpretações únicos. Motta aliás foi muito feliz na descrição do músico: "Guarda o samba de morro e acrescente uma colher generosa de soul music. Surge dessa receita o originalíssimo Luiz Melodia..."

Além de ótimo compositor, Luiz Melodia é responsável ainda por grandes interpretações de sucessos de outros artistas, como Codinome Beija-Flor e Negro Gato, além de gravações em parceria com outras vozes inigualáveis da MPB, como Cássia Eller e Gal Costa. Inclusive, Gal gravou o primeiro grande sucesso dele, Pérola Negra - que regravaram em dueto no Acústico MTV da cantora. 

Aliás, "Pérola Negra" é um termo recorrente usado por artistas, jornalistas e fãs para se referir a Luiz Melodia, mas cujo título da música tem outra origem, muito diferente. Anos depois, o artista admitiu que a música homenageia um travesti carioca, que vivia na década de 1970 no Morro de São Carlos, que tinha por nome de batismo "Adilson". O título foi sugestão de Wally Salomão.

Abaixo, seguem a matéria do Jornal da Globo e link para as pérolas da música brasileira tocadas durante o programa.




domingo, 24 de abril de 2011

Luciana Mello e Jair Oliveira - Simples Desejo

E a Zebra não apareceu



E confirmando as previsões, São Paulo e Palmeiras prevaleceram nos jogos de hoje e também confirmaram suas vagas nas semi-finais do Paulistão. Agora os finalistas serão igualmente decididos em jogos únicos: Palmeiras x Corinthians e São Paulo x Santos serão jogos com certeza de emoção - que tanto faltou em boa parte do campeonato.

Como dizem por ai, "Clássico é clássico" e não tem favoritos. Acho muito difícil arriscar um prognósticos para os jogos, mas vamos aos palpites. Torço para uma final Corinthians x São Paulo, embora seja leviano cravar o palpite.

Embora tenham times titulares bons e elencos igualmente limilitados, mas creio que o Verdão está mais bem organizado como equipe e apresente um futebol mais estável em relação ao Timão. Mas como somos loucos para contrariar a lógica, acredito que mística e raça corinthiana de se superar em momentos decisivo possa fazer a diferença.

Do outro lado, creio que o elenco do Santos é bem superior ao do São Paulo individualmente, apesar do Tricolor apresentar uma consciência tática ligeiramente maior. Além disso, a Libertadores pode pesar contrariamente ao Peixe.

Certeza mesmo é a de que teremos dois jogaços! E vale a pena refletir: por que torturar o torcedor com 19 rodadas, ingressos caros e estádios vazios se a emoção ficou quase toda reservada para o fim?

sábado, 23 de abril de 2011

Alvinegros saem na frente

Foto: Roberto Setton / UOL

Conforme o esperado, Santos e Corinthians encararam partidas difícieis, mas confirmaram o favoritismo e se classificaram às semi-finais do Pàulistão. Ao contrário dos últimos jogos da 1a fase, o Timão voltou a apresentar um futebol consistente e venceu em casa, bem no dia do padroeiro São Jorge

Apenas fica o alerta para o excesso de gols perdidos pelo Corinthians, que poderiam ter complicado a vitória por 2x1. Na próxima partida, contra o vencedor de Palmeiras x Mirassol, um vacilo semelhante poderá ser fatal. 

Já o Santos aproveitou o bom 1º tempo e garantiu o placar de 1x0. Diga-se de passagem, ainda contou com a sorte e a grande quantidade de gols perdidos pela Ponte Preta, que dominou os 45 minutos finais. 

Agora, vamos ver se São Paulo e Palmeiras seguem o exemplos dos rivais e também se classifiquem. Pois, com todo respeito a Mirassol e Portuguesa,  não tem como comparar a emoção prometida pelos clássicos!

E começou o Paulistão 2011!



Com a bola rolando há alguns minutos para Santos x Ponte Preta, posso afirmar que finalmente começou o Campeonato Paulista 2011. A cada ano mudando o regulamento da competição, neste ano que a Federação Paulista de Futebol (FPF) errou bastante na fórmula.

A disputa em um turno único por longas 19 rodadas, com oito classificados para a próxima fase e quatro rebaixados fez com o torcedor perdesse o interesse no torneio por completo nos jogos finais. Fora as esdrúxulas Quartas-de-final e Semi-final em jogos únicos...

A ponto de, na última rodada, o jogo Portuguesa x São Caetano ser o único decisivo, pois garantiu sua 8ª vaga para as Quartas e o São Bernardo como o último rebaixado. As outras sete vagas de cima e três de baixo já estavam asseguradas.

Creio que as quatro equipes grandes serão as semifinalistas, classificações que virão com certa dificuldade. Sem dúvida, o Santos tem a tarefa mais dura, pois está focado na Libertadores e a Ponte Preta tem tradição e vem apresentado um futebol de grande qualidade.

O Corinthians volta ter o time completo, que é uma equipe titular forte (ainda mais com Bruno César no lugar de Morais), superior ao Oeste e joga na Pacaembu. Entretanto, é bom tomar cuidar, pois é comum ao Timão se enrolar sozinho em situações assim...

Apesar de classificar em 1º lugar, o São Paulo vem alternando boas e más partidas desde o início do campeonato. Não ficaria surpreendido se, depois de muito tempo, a Lusa voltasse a aprontar em cima de um grande.

A princípio, a situação menos complicada parece a do Palmeiras. Além do Mirassol não ter conseguido manter um ótimo futebol em todos os jogos, Luiz Felipe Scolari conseguiu armar um time que não é brilhante, mas consistente e competitivo, características às equipes do treinador.

Enfim: palpites são apenas palpites. Veremos como será com a bola rolando!

Salve Jorge!



Republico dois vídeos que já havia posto online em fevereiro em homenagem a ele. Afinal, neste sábado (23) comemora-se o dia de São Jorge. Apesar da Igreja Católica, desde 1969, questionar se ele realmente existiu, São Jorge continua um dos santos mais populares e venerados em todo o mundo.

Padroeiro da Inglaterra, de Portugal e da região espanhola da Catalunha, acredita-se que Jorge tenha vivido no século III D.C., nascido na Capadócia (atual Turquia). Se popularizou na Idade Média, a partir das Cruzadas comandadas pelo Cristianismo contra o Oriente Média.

Entre as principais características do santo que se tornaram objeto de devoção, se deve ao fato de ser guerreiro e dono de uma fé inabalável, tornando-se inclusive protagonistas de lendas, como a que teria  matado um dragão para salvar a vida de uma princesa.



No Brasil, se destaca por ser um dos santos mais populares e, curiosamente, possuir características exclusivas do país. Entre elas, acabou sendo associado à lua e com o sincretismo natural ocorrido entre religiões de origem cristã e africana, a imagem de São Jorge também representa Ogum, orixá guerreiro. Além disso, se tornou padroeiro do meu Corinthians, time de futebol popular desde a origem e cuja fundação se inspirou em um xará inglês.

Além disso, considero a Oração de São Jorge uma das mais bonitas que conheço, já tendo recorrido a ela para pedir e agradecer em momentos de dificuldades. Esta oração especificamente inspirou "Jorge da Capadócia", a mais conhecida entre as muitas canções feitas em homenagem ao santo. Abaixo, duas interpretações diferentes dela, embora igualmente geniais!




quinta-feira, 21 de abril de 2011

#RC70



Mesmo dois dias depois, não posso deixar de falar. Afinal, Roberto Carlos merece todas as homenagens recebidas pelos 70 anos de vida, que completou na última terça-feira (19). Até havia falado de minha admiração por ele durante o Carnaval, mas volto ao assunto por achar impossível pensar no cenário cultural brasileiro dos últimos 50 anos sem falar no Rei.

Roberto Carlos impressiona por se manter em evidência por mais de cinco décadas. E consegue isto não só mantendo o público que lhe é fiel desde o início, mas com uma incrível capacidade de renovação dos fãs – que, aliás, admiram o mesmo repertório dos mais antigos.

Apesar das muitas críticas dos ditos “especialistas” por ser um artista extremamente popular, é inegável a revolução representada pela Jovem Guarda. O movimento marcou o início de um rock genuinamente brasileiro, claramente inspirado pelo que os Beatles iniciaram alguns anos antes.


A influência dos Fab Four se deu inclusive na criação de um star system no entorno de seus artístas, levando se interessar por suas vidas fora do palco. O Rei e seus amigos inclusive se aventuram no cinema em algumas ocasiões – produções que até nos soam infantis hoje, mas que traduzem perfeitamente o ambiente da época.

Ao longo destes mais de 50 anos, o Rei cometeu erros e acertos em sua carreira, inclusive enveredando por músicas de caráter mais comercial do que artísticos (que o digam as gordinhas, baixinhas, mulheres de óculos ou de 40...). Por outro lado, há quem ataque pela falta de ineditismo em sua carreira há alguns anos.

Mas sinceramente, creio que estes tropeços servem apenas para humanizá-lo mais junto ao público, assim como os filhos de relações extraconjugais, ser uma das primeiras pessoas a falar abertamente sobre sofrer de Transtorno Obsessivo Compulsivo e os dramas pessoais que sofreu com as precoces mortes de duas esposas e, a uma semana, da enteada considerada filha.

Enfim, mesmo considerado Rei, apenas humano como todos somos. Apenas com uma rara e incrível capacidade de descrever paixões, sensações e sentimentos existentes, traduzindo-os em pura emoção. E abaixo publico a canção que Roberto Carlos melhor expressou este talento.

Chocolate para crianças vadias



Reprodução: Reclames do Estadão


“As crianças são geralmente vadias, e só gostam da escola por causa das aulas de recreio. Mas, se se lhes oferece o Lacta como prêmio, todas se tornam estudiosas e comportadas. É inútil, pois, facilitar o ensino por meio de métodos apropriados: o Lacta, como prêmio e estímulo, vale por todos os métodos”.

31 de março de 1918

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Garoto-propaganda?

Acabei de descobrir mais uma do Charlie Chaplin. Involutariamente, em 18 janeiro de 1923, ele se tornou garoto-propaganda da Manteiga de Côco Brasil! (se escrevia com acento mesmo nesta época). Isto sim era fruto de um mundo totalmente desconectado e que, aparentemente, ninguém sequer havia ouvido falar em direitos de imagem...

A pérola foi publicada hoje pelo ótimo blog Reclames do Estadão, que em outro dia já falei sobre anúncios politicamente incorretos veiculados pelo jornal. Notem a sutileza com que Carlito (está escrito assim mesmo: sem o "s"...) descreve às qualidades do produto às moçoilas brasileiras...


Charlie Chaplin





Contrariando a tradição de lembrarmos de datas expressivas somente em aniversários multíplos de 5, o Google hoje prestou uma belíssima homenagem a Charlie Chaplin, que nascia há 122 anos. Para quem não viu ainda, o vídeo acima merece ser visto.

Abaixo, um pequeno trecho de "Tempos Modernos". Para quem não assistiu ao filme, vale a pena conferir este trechinho e ter a certeza que pouco são aqueles que, com o passar das décadas, podem continuar a ser chamados de gênios.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Decálogo para focas & jovens escribas




Reprodução: Blog do Xico Sá



Dez dicas úteis (de um escriba fútil) para curiosos, estudantes, focas, jovens jornalistas e diletantes de quaisquer gêneros:

1) Assim como falar ao motorista do coletivo, você deve tuitar apenas o necessário com o nome que assina as reportagens. Com um twiiter fake, no entanto, se vingue, desmoralize a chefia, relate as fraudes da redação, poupe apenas a gostosa do telemarketing.

2) Nem todo bêbado ou drogado é um Hunter Thompson. Se beber, esqueça o gonzo e o jornalismo-literário, tente apenas o velho e objetivo lead-sublead, esse caminho é mais fácil do que fazer um 4 diante do guarda.

3) No primeiro escalão do poder, jovem escriba, você só achará as aspas e o lero-lero dando sopa. Invista no último dos barnabés e estafetas. Nesse subsolo da burocracia está o ouro, o grande furo que persegue.

4) Quando o jabá mais vagabundo e banal alcançar 50% do seu salário, leve o inocente presentinho até a mesa do chefe e mostre como o mísero contracheque da firma põe em risco a sua inabalável independência. É importante revelar ao contratante como estão buscando saber o seu preço.

5) Nunca acredite que um assunto é tão velho e batido ao ponto de não poder trazê-lo à tona outra vez com um simples tapa na abertura do texto. Ou você faz ou chupará o chicabon da revolta e da inveja gutenberguiana no dia seguinte. Todo bom repórter é como um bom carroceiro de rua, vive de reciclagem.

6) Se checada mais de três vezes, a maioria das matérias não resiste, não se garante diante do verossímil. Portanto, cheque com moderação ou esteja condenado ao ineditismo.

7) Nunca beba em demasia com sua fonte ao ponto de você ou o próprio “garganta profunda” esqueçam o motivo daquele encontro fundamental para a história contemporânea. Nesse tipo de conversa sigilosa, apenas três uísques.

8) Você pode ter recebido a reportagem quase pronta –as grandes assessorias hoje vivem disso, amigo-, mesmo assim finja um esforço épico diante do chefe. Conte histórias mirabolantes de como apurou aquele texto, fale baixinho ao seu ouvido, cheio de segredos e mistérios. Como na conquista amorosa, matéria fácil não dá tesão, não tem graça.

9) Apure com rapidez e requinte, deixe a matéria pronta e fuja para o cinema de tarde. Um bom filme o deixa mais ilustrado do que dez anos de jornalismo. Só há um problema nisso: você encontrar por lá, na mesma sessão, um dos seus superiores. Já vive esse drama. Acontece.

10) Viver como mendigo ou se infiltrar entre camelôs para relatar a experiência é fácil. Não tem mais graça. Quero ver encarnar um milionário ou um bom burguês brasileiro. Quem se habilita?

domingo, 10 de abril de 2011

Será o homem capaz de voar? – Parte IV



Material baseado em análise apresentada por mim, em 2010, no curso de Especialização em Gestão da Comunicação (GestCom), na Universidade de São Paulo (USP) - Escola de Comunicação e Artes (ECA) disponível aqui



A fidelidade de “Superman – O Filme” à concepção de Richard Donner causou as principais reações da crítica e do público, fossem favoráveis ou desfavoráveis. Enquanto muitos exaltaram as emoções provocadas pelas referências e lembranças afetivas, contraditoriamente, outros tantos cobraram mais ação e dinamismo à história, a exemplo dos filmes contemporâneos de super-heróis.

O filme conta com um prólogo, capaz de dar o tom dos aspectos humanos e divinos ressaltados no herói durante a produção. Na cena inicial, uma imagem remetendo à explosão de Krypton se projeta sobre o uma tela preta, completado por uma música instrumental e a voz de Marlon Brando, declamando uma fala de Jor-El:

“Fará da minha força à sua e verá a minha vida através de seus olhos, assim como será a sua vista através dos meus. O filho transforma-se no pai e o pai transforma-se no filho”.

Após a tradicional abertura, mencionada no post anterior, Clark retorna à Smallville, sendo reencontrado por sua mãe Martha. E se assusta quando começa a saber sobre os conflitos e problemas mundiais nos cinco anos em que permaneceu ausente. Entre eles, Lex Luthor deixou a cadeia pela ausência do Homem de Aço como testemunha no julgamento do vilão.

Cena do reencontro de mãe e filho remete à Pietà, de Michelangelo


Além da eterna paixão por Lois e dos dilemas morais causados que fazem com que ele defenda o planeta, a humanização do kryptoniano ganha um novo elemento: Jason é filho de Superman e não de Richard como se supunha. O mistério é revelado ao público em uma cena em que o garoto sua super-força inconscientemente, para proteger a mãe de ataques de um capanga de Luthor.

O herói só sabe posteriormente, quando se encontrava entre a vida e a morte em um hospital. Lois leva o garoto para visitá-lo e sussurra o segredo no ouvido do pai. Quando o Homem de Aço restabelece sua saúde, acontece um dos momentos mais tocantes do filme.

Superman visita Jason em seu quarto e, enquanto o menino dorme, e repete as palavras de influência cristã ditas a ele por Jor-El na primeira cena do longametragem: Ao deixar a casa, tem sua presença notada por Lois e se despede da amada, deixando entender que sempre estaria próximo a eles. Superman voa fora da órbita da Terra e se despede do espectador, com a música tema do herói e olhar e sorriso confiantes, da mesma maneira que Christopher Reeve encerrou os filmes anteriores.

"O filho transforma-se no pai e o pai transforma-se no filho"


A continuidade do pai através do filho foi um dos aspectos adotados para a divinização do herói. O roteiro e a montagem de muitas cenas privilegiou aspectos que remetem diretamente a elementos bíblicos e cristãos. Bryan Singer enfatiza os elementos cristãos existentes no filme, creditados por ele como “referência clara ao retorno do salvador” e o “sacrifício em cumprir seu destino de proteger a humanidade”.

A Fortaleza da Solidão acaba associada à viagem de Cristo ao deserto, local onde comunga espiritualmente com o Pai. Desta forma, quando Luthor se apossa do cristal originário da Fortaleza e mantém contato com o espírito de Jor-El demonstra sua natureza completamente oposta ao herói, distante de quaisquer parâmetros morais e espirituais, assim como Nietzsche define o Übermensch.

A batalha final entre Superman e Luthor remete diretamente a imagens do calvário vivenciado por Cristo durante a Via Crucis, em razão da impiedade e imoralidade do vilão – cuja calvície remete à figura de Lúcifer. Superman é espancado, agredido, humilhado e esfaqueado pelas costas pelo arqui-rival, com uma lâmina feita de Krypitonita cravada em seu corpo. Ao cair na água depois da luta, ouve mentalmente Jor-El dizer que há desafios maiores dos que aquele que está enfrentando.

Batalha traz lembranças de imagens do sofrimento de Cristo na Via Sacra


Mesmo assim, Superman recebe ajuda de Lois e Richard, supera a dor e os riscos pessoais e frustra o plano de Luthor, levando os equipamentos de destruição fora da órbita terrestre - esforço que esgota suas limitadíssimas forças.

O herói então retorna à Terra em um estado de morte aparente. A notícia provoca uma comoção popular pelo seu restabelecimento, com uma multidão se colocando em frente ao Hospital de Metrópolis, com cartazes, faixas, presentes e orações.

Após saber que é pai de Jason, uma enfermeira encontra o leito hospitalar vazio. Sendo assim, a cena remete diretamente à ressurreição de Cristo, em que fiéis encontraram o Santo Sepulcro aberto e a vestes como si tivessem sido recém usadas. A seqüência antecede o encerramento do filme, descrito anteriormente.

Estado de morte aparente do herói menciona diretamente à crucificação


Segundo informações da Warner Bros Pictures, Superman – O Retono arrecadou mais de US$ 391 milhões, sendo o 6º filme com maior público durante 2006 nos EUA. E apesar grande arrecadação gerada por meio das bilheterias de cinema, vendas de produtos licenciados, DVDs e trilha sonora, especialmente no mercado internacional, o filme ficou abaixo das expectativas do estúdio, que esperava números mais expressivos em território americano.

Em resumos, Superman – O Retorno focou temas mais adultos, privilegiando os conflitos psicológicos às cenas de ação, o que acabou agradando mais ao público mais velho, conhecedor dos filmes originais. Mas diante dos números, Warner e DC Comics concluíram que o filme se aproximou dos fãs mais velhos, mas se afastou dos adolescentes, alvo principal das superproduções cinematográficas, por representarem o mercado consumidor de maior potencial.

Após debates internos, em 2009, as empresas consideraram “Superman – O Retorno” como o fechamento do ciclo cinematográfico iniciado por Richard Donner em 1978 – apesar dos contratos com direção, equipe técnica e elenco preverem continuações. E no ano passado, começou a pré-produção Superman – The Man of Steel, que recontará a origem do Último Filho de Krypton.



Até o momento, pouquíssimos detalhes sobre o filme vieram a público, sendo basicamente confirmações de nomes da equipe técnica e elenco. Inclusive, o título do novo longametragem é provisório... Mas apesar de eu ser inicialmente contrário à idéia, pelo menos, o estúdio parece estar tomando decisões acertadas.

A incumbência de reconstruir o passado do Superman coube ao diretor Christopher Nolan, tarefa que executou com extrema competência na atual saga cinematográfica do Batman. Nohlan supervisionará o projeto e é co-responsável pelo argumento do roteiro, juntamente com o escrito David Goyer – mesmas funções que desempenham no Homem-Morcego. A direção ficará a cargo de Zack Snyder, dos brilhantes Watchmen e 300.

Será Clark desta vez capaz de ler a mente de Lois?


Os protagonistas também são mais experientes em comparação ao “Retorno”. Clark Kent e Superman serão encarnados por Henry Cavill, enquanto Lois Lane é tri-indicada ao Oscar Amy Adams. Jonathan e Martha Kent serão vividos, respectivamente, por Kevin Costner e Diane Lane (a exemplo da série Smallville, os pais terráqueos serão jovens). E Michael Shannon será o vilão kryptoniano General Zod – segundo boatos correntes, Lex Luthor estará fora deste filme.

Agora, só resta esperar por dezembro de 2012 para ver o resultado na tela. Confio na competência da equipe em conduzir a produção com a sabedoria. E que mais uma vez a magia do cinema desperte mais uma, agora em uma novíssima geração, a mesma certeza:

Sim: o homem é capaz de voar!




quinta-feira, 7 de abril de 2011

Suicídio: como e quando noticiar?

Izabela Vasconcelos
Reprodução do portal Comunique-se


Muitos evitam, outros deixam o suicídio subentendido. Com a divulgação da morte do apresentador Gilberto Scarpa e de sua namorada, a atriz Cibele Dorsa, o assunto voltou à mídia. A morte do casal foi notícia em quase todos os veículos, a maioria usando a palavra suicídio no corpo do texto. No entanto, recentemente, O Estado de S. Paulo noticiou suicídio no título das matérias “Judoca medalhista olímpica comete suicídio na Áustria” e “Polícia do Rio abre inquérito após suicídio em delegacia”, mas o assunto ainda é polêmico na imprensa.

Na Folha de S. Paulo o tema é tratado como outros assuntos, avaliando a relevância do fato. Vinicius Mota, secretário de redação da Folha, diz que o tema “recebe o mesmo tratamento dispensado a qualquer objeto potencial de notícia” do jornal. O Manual da Redação do veículo orienta o jornalista a não omitir "o suicídio quando ele for a causa da morte de alguém".

O poder da mídia

No entanto, de acordo com especialistas, a notícia pode influenciar pessoas vulneráveis e alguns cuidados devem ser tomados. “Pode influenciar sim, não há certeza do grau de influência, mas o assunto é sério o suficiente para que não se experimente. Há também a preocupação de poupar os sobreviventes que podem estar em grande sofrimento e podem ter uma exposição pública que pode aumentar ainda mais a sua dor”, afirma a Dra. Maria Júlia Kovács, autora do livro “Morte e desenvolvimento humano”, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da USP.

Um exemplo é o que aconteceu em Viena na década de 80, quando o metrô da cidade registrou 22 casos de suicídio em 18 meses, após uma cobertura sensacionalista de um incidente em 1986. Com o aumento das mortes, a imprensa e Associação Austríaca para a Prevenção do Suicídio desenvolveram um manual sobre como os profissionais deveriam abordar o assunto. Com a nova orientação, a taxa de suicídio no metrô austríaco caiu 75% em cinco anos.

Veja abaixo algumas orientações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) sobre como e quando noticiar esse delicado assunto:


Dia do Jornalista

"Um excelente dia aqueles que, como eu, vivem para que todos tenham acesso à informação justa e de qualidade. Que o jornalismo seja, de fato, a democratização dos pontos de vista. Somente quando se entende o que ocorre a nossa volta, se pode transformar o que há de errado. Pena que o caminho a ser percorrido ainda é longo... Força, jornalistas!"


Frase da excelente jornalista e amiga Priscila Vanti, que reproduzo aqui. Afinal, apesar dos pesares, é muito bom lutar por acreditar que vale a pena!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Será o homem capaz de voar? – Parte III

E mais uma vez, um certo vôo emocionou milhões de espectadores...


Material baseado em análise apresentada por mim, em 2010, no curso de Especialização em Gestão da Comunicação (GestCom), na Universidade de São Paulo (USP) - Escola de Comunicação e Artes (ECA) - disponível aqui


Ao longo de 14 anos, a Warner Bross e a DC Comics engavetaram vários projetos cinematográficos envolvendo o Último Filho de Krypton. Até que em 2002, o estúdio contratou o diretor Bryan Singer para comandar a produção de “Superman - O Retorno”. Desde o início, achei a opção muito acertada, por considerá-lo um dos mais talentosos profissionais de Hollywood.

Entre suas maiores qualidades, estão a profundidade psicológica dos seus personagens e diálogos intensos. Singer já havia demonstrado sua afinidade com o universo dos super-heróis nos dois primeiros filmes da trilogia X-Men, aclamados por crítica e público. Fã confesso do Homem de Aço desde criança, o desafio de fazê-lo voltar às telas fez Singer abandonar suas funções em X-Men – O Confronto Final.

A produção usou diversas referências aos dois filmes originais da série e a elementos históricos do herói, aspectos ressaltados pela campanha de divulgação antes de durante sua exibição, com ações intensas de publicidade, jornalismo e licenciamento de produtos. Singer comandou a produção então partindo da premissa de “respeito ao passado e a consciência universal que todo mundo tem sobre o icônico personagem”.



A ação do roteiro levou em conta os temas dos filmes de 1978 e 1980, com pequenas alterações e atualizações: a trilha sonora de John Williams passou por releitura pelo compositor John Ottman; Marlon Brando voltou a encarnar Jor-El, com o tratamento digital de cenas descartadas do 2º filme; e o romance de Superman e Lois Lane foi mais intensificado.

Superman retorna à Terra depois de cinco anos ausente, período em de reflexão pessoal sobre suas origens e sua missão no planeta. Neste intervalo de tempo, Lois seguiu sua vida: se tornou mãe de Jason, um garoto com pouco menos que cinco anos; ficou noiva de Richard Withe, sobrinho do editor do jornal Planeta Diário, Perry Withe; profissionalmente, recebeu o Pulitzer, o máximo do jornalismo norte-americano, pela reportagem “O mundo precisa do Superman?”.

Enquanto isto, Lex Luthor deixou a cadeia e se tornou único herdeiro de uma idos milionária idosa com quem se casara, dando início então ao seu maior plano, que pode torná-lo o homem mais poderoso do planeta. A partir do cristal kryptoniano que formou a Fortaleza da Solidão, ele formaria um novo continente para, a exemplo do primeiro filme, lucrar com a venda de terras. Entretanto, o plano atual é mais ambicioso, pois a energia desprendida pelo cristal deixaria os Estados Unidos submersos.



As expectativas dos espectadores quanto às menções aos filmes originais começam pela abertura: uma atualização da tecnológica das utilizadas nas produções anteriores, com a exibição dos créditos durante a música “Superman”, John Willis. Imediatamente, a situação me levou a uma emoção intensa, ao despertar em mim a mesma emoção quando assisti Superman – O Filme pela 1ª vez - pela televisão, em versão dublada, 8 ou 9 anos depois do lançamento, quando tinha entre 4 e 5 anos de idade... As referências continuam durante os 154 min. do filme, remetendo a situações e acontecimento referentes à produção do filme, a cronologia do personagem em outras mídias e, até mesmo, ao elenco da produção original.

Assim como Richard Donner, Bryan Singer entregou a função de protagonista a Brandon Routh, ator estreante, com características físicas semelhantes às de Christopher Reeve - reforçadas pelo uso de lentes de contatos azuis durante as filmagens e o estilo de interpretação – muito elogiado por ter ficado “igualzinho ao Christopher Reeve”. O desempenho de Reeve nos filmes entre 1978 e 1987 fez com que ele fosse encarado por muitos como a “encarnação definitiva do Superman”. Até mesmo nos quadrinhos e desenhos animados, o Homem de Aço passou a ter olhos azuis.



Suas características inclusive influenciaram seriamente, não só fisicamente, os intérpretes do kryptoniano que o sucederam em seriados de TV, casos de Dean Cain (Lois & Clark - As Novas Aventuras do Superman) e Tom Welling (o jovem Clark Kent de Smallville). Os fatores foram reforçados por uma tragédia pessoal: em 1995, Reeve ficou tetraplégico devido à queda de um cavalo. Até falecer, em 2004, o ator empregou sua imagem e recursos financeiros visando o tratamento de pessoas com paralisias e pesquisas científicas na área.

A mesma premissa vale para Lois Lane, que desde então sempre passou a ser representada pelo espírito corajoso, destemido, romântico, bem humorado e desastrado eternizado por Margot Kidder. E missão de viver a eterna paixão do Homem de Aço foi exercida com extrema competência em Superman – O Retorno pela então novata Kate Bosworth. Já Gene Hackman foi substiuído na pele de Luthor pelo astro Kevin Spacey.

O reencontro de Superman e Lois Lane depois de cinco anos da ausência do herói remete ao momento em que os dois se conheceram nos quadrinhos na década de 1940, ocasiões em que ele impediu a queda de um avião com ela passageira. A diferença é que em “Superman – O Retorno” o salvamento acontece dentro de um estádio durante um jogo de beisebol que estava sendo transmitido ao vivo pela televisão.


Esta seqüência do filme é marcada por uma trilha sonora de tensão e emoção – com milhares de pessoas vibrando pela volta do Superman, acompanhando seu retorno pessoalmente ou pela televisão. A cena serve de metáfora ao retorno do personagem ao cinema de 19 anos, com os espectadores do jogo simbolizando a emoção de milhões de fãs espalhados pelo mundo.

As seqüências de ação e emoção continuam se intercalando ao longo da produção, despertando as mais intensas reações dos espectadores. Aliás, uma dos maiores características de Superman – O Retono se dá justamente no contraponto entre a humanização e a divinização do personagem - elevados à extrema potência, permitindo classificá-lo como extremo sucesso ou extremo fracasso.

De fato, sabemos apenas que a Era Donner acabou e uma nova se iniciará. E este é o assunto do último texto deste especial.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Será o homem capaz de voar? – Parte II



Material baseado em análise apresentada por mim, em 2010, no curso de Especialização em Gestão da Comunicação (GestCom), na Universidade de São Paulo (USP) - Escola de Comunicação e Artes (ECA) - disponível aqui


Entre as diferentes versões do personagem ao longo dos anos, Superman – O Filme é considerado uma das mais bem sucedidas por crítica e público.  De acordo com o site Omelete, o filme “é considerado, ainda hoje, a versão definitiva do personagem pela maioria dos fãs e pelo grande público de modo geral (...) tornando-se um marco na história do cinema e o padrão para adaptações de quadrinhos de super-heróis”

Os realizadores admitiram que investiram em um abordagem bíblica do personagem: os figurinos e cenários de Krypton assumem ar futurista, completado pelo diálogos eloqüentes dos personagens e das metáforas cristãs faladas por Jor-El ao filho; Em Smallville, é ressaltada a importância de Martha e Jonathan na criação de Clark, sendo a morte do pai um marco para o amadurecimento do Clark adolescente.

Clark então parte para o Ártico e, a partir de um cristal que o acompanhara em sua forma a Fortaleza da Solidão, palácio com aparência de cristal e local onde mantém contato com o espírito de Jor-El e aprende sobre sua missão, de “inspirar a humanidade através de seus atos”. A exemplo da história de Cristo, há outra passagem de tempo, na qual o personagem reaparece adulto, já trajando o tradicional uniforme do Superman. 

Apesar da extrema competência na composição das cenas de ação e efeitos visuais, um dos pontos fortes do filme é justamente a humanização do personagem, favorecendo a identificação do espectador, em meio aos super-poderes de vôo, força quase indestrutível, visão de raio-x, visão de calor, super-sopro... 



E em uma decisão mais do que acertada, Richard Donner enfocou o filme na no romance do Superman e Lois Lane e na dicotomia entre o personagem-título com o alter ego Clark Kent. Superman até contraria orientação de Jor-El em não interferir no curso da história: depois de Lois Lane morrer vitimada por uma avalanche provocada pelo plano de Luthor, o herói reverte um movimento de rotação da Terra, para voltar o tempo e salvar a amada.  O trecho é interpretado como importante para mostrar a humanidade do personagem, que venceu um grande desafio motivado pelo amor. 

O site Omelete, em uma análise que assino embaixo, credita à atuação de Christopher Reeve fator fundamental para o sucesso do projeto, a qual classifica como “proeza única”. Para fazer justiça completa, acrescento ao comentário a importância da interpretação de Margot Kidder, responsável por uma química perfeita entre o casal protagonista. Reproduzo trecho do site:

“No lado heróico, Reeve decidiu não exagerar, permitindo que a fantasia agisse por si própria. Os tempos haviam mudado desde a interpretação de George Reeves na série televisiva, portanto acreditava que um Super-Homem mais humilde seria ideal. Para Clark Kent, inspirou-se no ator Cary Grant, compondo um tipo desajeitado e inseguro. A química funcionou perfeitamente, conforme o modelo dos quadrinhos. Lois ficava deslumbrada na presença do Super-Homem, e não se impressionava com Clark. A cena em que o Super-Homem voa com Lois Lane e ouvimos seus pensamentos é de uma beleza incomparável e encanta qualquer um.”

Assista à cena clicando aqui


Em razão de desentendimentos, Richard Donner foi afastado da direção de Superman II - A Aventura Continua e não finalizou a produção, lançada em 1980. O diretor Richard Lester concluiu os 30% restantes às filmagens, acrescentou à história elementos de humor e modificou a concepção de algumas cenas de ação, tornando-as mais dinâmicas. Com a saída do diretor, Marlon Brando também deixou a produção, inutilizando seqüencias filmadas por ele.

No segundo filme, além de Luthor, Superman enfrenta três vilões kryptonianos liderados pelo General Zod, que pretendem dominar a Terra. Os invasores haviam sido banidos de Krypton após serem julgados pelo conselho de sábios do planeta, denunciados por Jor-El por traição, ficando presos em um portal na Zona Fantasma, que por uma falha de segurança acaba enviado à Terra. 



Superman acaba se culpando pelo episódio, pois enquanto ele se negou a dominar o mundo, os vilões alienígenas colocam em prática sem dilemas morais ou de consciência. Quanto ao romance com Lois Lane, o filme abordou aspectos considerados polêmicos pelos fãs, pois Clark Kent revela sua identidade secreta e abre mão dos poderes para viver como “cidadão comum” ao lado de Lois.

O casal chega a promover um jantar romântico na Fortaleza da Solidão, inclusive com a sugestão de uma relação sexual no interior do local. No decorrer do filme, Clark retoma os poderes diante da destruição provocada por Zod e seus aliados. Em uma das últimas cenas do filme, Clark dá um beijo em Lois, que depois demonstra ter se esquecido do segredo que ele havia lhe revelado, fato que não fica absolutamente claro para o público. 



A franquia cinematográfica continuou com Superman III (1983) e Superman IV – Em Busca da Paz (1987). Bem abaixo do padrão de qualidade dos dois primeiros, os filmes foram duramente criticados pelos especialistas e pelo público, afastando o Homem de Aço das telas de cinema pelos próximos 19 anos. 

Neste período, o personagem continuou sofrendo diversas adaptações nas HQs, desenhos animados e em seriados de TV, sempre tendo como base a concepção de Richard Donner e o romance entre Superman / Clark e Lois.  Superman – O Retorno desconsiderou os últimos dois filmes, se inserindo na cronologia como uma seqüência de Superman II. 

E justamente este aspecto o responsável por despertar o amor e o ódio dos fãs em proporções iguais, levando ao fim da Era Donner – assunto que detalharei depois. 

domingo, 3 de abril de 2011

Será o homem capaz de voar? – Parte I




Material baseado em análise apresentada por mim, em 2010, no curso de Especialização em Gestão da Comunicação (GestCom), na Universidade de São Paulo (USP) - Escola de Comunicação e Artes (ECA) - disponível aqui


Em dezembro de 2012, um dos maiores ícones da cultura-pop há mais de 73 anos iniciará uma nova história nos cinemas. Em processo de produção pelos estúdios Warner Bross, Superman – The Man of Steel recontará a origem do Homem de Aço nas telas, encerrando definitivamente a brilhante saga iniciada em 1978 – mas que não merecia acabar.

Criado nos Estados Unidos, em 1938, pelo roteirista Jerry Siegel e o cartunista Joe Shuster apareceu pela primeira vez na revista em quadrinhos Action Comics nº 1. Em poucas palavras, Superman é um herói clássico, inspirado por personagens bíblicos e mitológicos e capaz de usar suas extraordinárias habilidades físicas “para lutar contra a tirania e a injustiça social”.

Entre as metáforas judaico-cristãs mais fortes, sem dúvida, está a origem alienígena do herói – cujo nome de batismo é Kal-El -, facilmente associada a Moisés e Jesus Cristo. Diante da eminente destruição do planeta Krypton, o cientista Jor-El salva a vida do único filho, colocando-o em uma nave, com destino à Terra. Mesmo com poucos meses de vida, Kal-El recebe uma missão do pai: inspirar e proteger o planeta que o iria acolher.

Sua origem foi recontada inúmeras vezes ao longo dos anos


Kal-El pousa então na cidade norte-americana de Smallville, sendo encontrado pelo casal Martha e Jonathan Kent. Sem filhos, o casal o adota e lhe dá o nome de Clark, lhe dando uma sólida base moral, responsável por ajudá-lo a escolher cumprir seu destino. E justamente pelos valores como justiça, bondade, honestidade, ética, entre outros, que Superman logo deixasse de ser um ícone exclusivamente norte-americano para se tornar universal.

Em pouquíssimo tempo, Superman rendeu milhares de HQs vendidas e originou uma série de produtos derivados ao longo dos anos, como seriados de rádio e TV (o mais famoso, estrelado por George Reeves nos anos 1950), desenhos animados, games, brinquedos, entre outros. Ícone com força para resgatar a auto-estima do povo em períodos como A Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, Superman foi um dos primeiros personagens a originar a lucrativa indústria dos licenciamentos de produtos, tão comuns hoje em dia em qualquer área.

Entre os inimigos, ele já enfrentou Stalin, Hitler e Hideki Tojo


Após relativa decadência do personagem nos anos 1960 e 1970, em 1974, os produtores Alexander e Ilya Salkind adquirem os direitos de produção de um longa-metragem sobre o Superman. Os produtores pretendiam rodar dois filmes do Superman simultaneamente. Contando com um orçamento alto para os padrões da época (cerca de US$ 40 milhões), a trajetória do herói seria narrada em contornos épicos, idealizada com base na literatura de William Shakespeare, na pintura realista de Norman Rockwell e na vida contemporânea da grande metrópole Nova Iorque.

Para cumprir a missão, escalaram uma equipe de escalando para a tarefa uma equipe de primeiríssima qualidade: o diretor Richard Donner (“A Profecia”); os roteiristas Mário Puzo (“O Poderoso Chefão”) e Tom Mankiewicks; a trilha sonora do maestro John Williams (“Star Wars”, ET e Indiana Jones); John Barry para os efeitos especiais; Geofrey Unsworth para a fotografia; e roteirista dos quadrinhos Elliot S! Maggin.

A produção contratou dois atores consagrados para papéis de destaque: enquanto Marlon Brando interpretou Jor-El, Gene Hackman assumiu o posto do vilão Lex Luthor. Para interpretar o protagonista, o diretor optou em escalar um ator desconhecido, para que “o intérprete não ofuscasse o personagem”. Após realizar testes de elenco, optou por Christopher Reeve. Também escolhida por meio de testes, Margot Kidder viveu a jornalista Lois Lane, par romântico do Superman desde a década de 1940.



O principal argumento proferido por Donner durante as filmagens era “verossimilhança”: o diretor exigia convencer o público que, apesar de ser ficcional, a história do filme poderia perfeitamente ser real. Até mesmo o slogan usado na divulgação do filme seguiu este sentido: “Você vai acreditar que o homem é capaz de voar”.

Após atrasos nas filmagens, “Superman – O Filme” estreou em 15 de dezembro de 1978, recebendo críticas positivas, arrecadando mais de US$ 120 milhões. Devido a problemas orçamentários, o primeiro filme foi lançado antes da conclusão do segundo, filmado em cerca de 70% até então.

Assim como o personagem deu origem aos heróis dos períodos que conhecemos como as eras de Ouro e Prata dos quadrinhos, Superman - O Filme  mudou a concepção sobre super-heróis no cinema. As interpretações de Reeve para Clark Kent e Superman inclusive tiveram peso decisivo nisto. Mas sobre este assunto, voltarei a falar  depois.

Parte II

Parte III

Parte IV