Admito que não me lembrava do exato dia e mês, mas é impossível apagar da memória a emoção vivida naquela manhã de domingo. Exatamente no dia 30 de junho de 2002 a Seleção Brasileira vencia a Alemanha por 2x0 na final da Copa do Mundo, disputada na Coréia do Sul e Japão, se consagrando Pentacampeã.
É perda de tempo falar da magia que uma Copa do Mundo é capaz de despertar no inconsciente coletivo e, particularmente, em mim (e que o "Prof." Dunga & seus pupilos foram capazes de me tomar no ano passado...). E a conquista em 2002 foi especial e, embora com momentos de tensão e dúvida, muito diferente do sufoco dominante em 1994.
O Brasil se classificou no fio da navalha, após Luiz Felipe Scolari ter assumido em meio uma campanha desastrosa nas Eliminatórias (iniciada por Vanderlei Luxemburgo e Emerson). Conhecido por armar equipes robustas, que privilegiam o resultado ao espetáculo, o gaúcho era cornetado em todo país, por boa parte da torcida e de meus coleguinhas de imprensa (já falei mais de uma vez: achamos que sabemos tudo...)
Mas Felipão foi firme: manteve-se fiel ao grupo de sua confiança, deixou Romário de fora apesar dos muitos protestos, apostando em nomes que eram bem questionados. Além disso, ele bancou os craques que achava que resolveriam a parada: Rivaldo, que embora fosse astro do Barcelona e já tivesse sido o Melhor do Mundo era enxovalhado por boa parcela do público e crítica (olha os coleguinhas de novo...), e, principalmente Ronaldo, em recuperação de sua 2a cirurgia consecutiva no joelho.
Lembro exatamente do deboche com que a imprensa retratava os métodos de trabalho do professor. Inclusive, a tão aclamada "Família Scolari" depois da conquista do título, era claramente um termo pejorativo, (não é, Rede Globo?). Aos poucos, as vitórias vieram com um futebol consistente e desconfiança foi deixada de lado. Me lembro que havia apostado no bolão da faculdade que o Brasil cairia nas Quartas-de-Final contra a Inglaterra (como comemorei por ter perdido dinheiro depois...)
Como foi bom vencer aquela Copa, que acabou sendo única, por ser diferente do futebol-espetáculo de 1958/62/70 e do futebol-de-resultados de 1994. Lembro que iria ficar em Bauru naquele fim de semana, mas voltei correndo de última hora para assistir ao jogo com minha família.
Simplesmente, é impossível esquecer dos milagres de São Marcos; a sólida defesa formada por Lúcio, Edmilson e Roque Jr., que jogavam o arroz com feijão de forma séria; o fôlego e a força de Cafu e Roberto Carlos pelas laterais; o vigor de Gilberto Silva e Kléberson pelo meio, que nunca mais jogaram tão bem depois do Penta; os únicos momentos de brilho de Ronaldinho Gaúcho com camisa Canarinho, embora fosse coadjuvante; a genialidade de Rivaldo, ostentando com justiça a camisa 10 do Rei Pelé; e o 1º triunfal retorno do Fenônemo, contrariando o senso comum.
Claro, a figura da vibração de Felipão a beira do campo é emblemática, como comandante de um grupo realmente unido, em que os reservas realmente tinham importância não só no discurso (destaco Vampeta, a exemplo do professor). Lembro que apenas os goleiros Dida e Rogério Ceni não jogaram entre os 23 convocados, mas aparentavam sentir a mesma motivação dos demais.
Aliás, pensando melhor, comandante não: Felipão era o paizão da Família Scolari, que foi crescendo e conquistou cerca de 180 milhões de integrantes!
Aliás, pensando melhor, comandante não: Felipão era o paizão da Família Scolari, que foi crescendo e conquistou cerca de 180 milhões de integrantes!