O Sonho de Igor

Depois que fiz ontem o post a respeito do Anderson Silva, estava assistindo TV e me dei conta de uma tendência curiosa na publicidade brasileira. Afinal, o super-campeão do UFC não é o único a estrelar um anúncio em que o protagonista arranca risos ao fazer piada de si mesmo.

Desde o início do mês, um comercial da Bradesco Segurou se tornou sensação no país, inusitadamente estrelado pelo cantor Byafra e seu maior sucesso “O Sonho de Ícaro”. O anúncio marcou o ápice da campanha “Vai que...”, veiculada pela empresa há mais de um ano, tendo inclusive um dos filmes estrelados pelo goleiro tetracampeão Taffarel.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou excelente matéria com a repercussão positiva que a campanha trouxe para a carreira do cantor, negou ter se sentido ofendido em algum momento. Outra revelação é que a agência tinha planos B e C em casos de recusa de Byafra: recorreriam a Oswaldo Montenegro e sua “Lua & Flor” (sim, aquela mesmo do Sassá Mutema...) ou à Tetê Espíndola e sua eterna “Escrito Nas Estrelas”. Entretanto, ambos não reagiram bem à lembrança...

E o anúncio que despertou minha atenção, citado no começo do post, foi uma campanha iniciada ontem pela Fiat, do carro Cinquecento, estrelada por ninguém menos que o ator Ricardo Macchi. Não associou o nome à pessoa? Acho que fica mais claro se chamá-lo pelo codinome Cigano Igor... Para quem não é noveleiro ou tem apenas vaga lembrança do que foi a década de 1990, vale a explicação.

Nesta época, uma legião de modelos trocou as passarelas e estúdios fotográficos pelas telenovelas. Como em toda profissão, alguns foram mais bem sucedidos do que outros, mas fato é que muitos prosperaram e se encontram na TV até hoje, casos de Reynaldo Gianecchinni, Ana Paula Arósio, Luana Piovanni, Betty Lago, Carlos Casagrande, Sílvia Pfeiffer, Victor Fasano... Muitos outros, simplesmente não foram bem sucedidos e caíram no ostracismo.

Entretanto, independentemente dos seus limitados recursos dramatúrgicos, Ricardo Macchi se tornou um fenômeno único. Sua estréia na TV se deu em plena novela das 8 da Rede Globo, em “Explode Coração”, de Glória Perez, onde “interpretou” (aspas propositais) o referido Cigano Igor. 

Disputar o amor da cigana Dara (Tereza Seiblitz) com o galã Júlio Falcão (Edson Celulari) foi uma carga pesada demais para o estreante. Ele até fez outros trabalhos em novelas, da própria Globo, na Record e no SBT, emissora na qual participou da 2ª “Casa dos Artistas”. E no reality show ele obteve, para muitos, a maior conquista de sua carreira: o coração da deusa Ellen Roche, com quem permaneceu casado por 8 anos!

Entretanto, até hoje ele não conseguiu se livrar do estigma do Cigano Igor. E é nisso que se baseia a campanha da Fiat, que mesmo sem ser inédita, soube capitalizar o jeito canastrão com que o ator zomba de sua própria canastrice. E o realce ao abismo real existente entre ele e Dustin Hoffman tornou a idéia de rir de si mesmo ainda mais engraçada.

O nascimento de um ídolo?

Foto: Wilton Jr. / Agência Estado

Assunto mais do que comentado nas últimas semanas no noticiário esportivo e redes sociais, o UFC Rio se confirmou como sucesso de público, em uma modalidade esportiva que começa a se popularizar no Brasil. Além dos ingressos caríssimos que se esgotaram em poucas horas, pela 1ª vez, a competição foi transmitida ao vivo em TV aberta, o que levou à RedeTV a empatar em audiência com a Rede Globo (mesmo com disputa sendo solenemente ignorada pela emissora dos Marinho durante toda a semana...).

E muito do espaço que o UFC está ganhando no Brasil se deve a Anderson Silva, o super campão do octógono, invicto a 14 lutas (das quais, foram 9 disputas de título). O massacre imposto ao japonês Yushin Okami, com certeza, irá favorecer o fortalecimento do The Spider como um ídolo nacional.

Como eu mesmo admiti alguns meses atrás, embora conheça a modalidade de ouvir falar desde seu início (então conhecida por aqui como “Ultimate Fight” ou simplesmente "Vale-Tudo", e Royce Gracie era o grande nome brasileiro...), passei a ter uma noção maior de como é o esporte depois da luta entre Silva e Vitor Belfort.

De modo nenhum, tenho a pretensão de afirmar que o milionário mundo UFC será extremamente popular no Brasil, com as crianças fazendo octógonos com chinelos nas ruas de terra. Entretanto, enxergo em Anderson a capacidade técnica e o carisma necessários para se firmar como um ídolo nacional, independente da população conhecer as regras ou os termos técnicos das modalidades. Não faço idéia quem é o autor da frase, mas ouvi uma vez que “brasileiro não gosta de esporte: gosta de ganhar!”. E essa é a mais pura verdade, observada diversas vezes em um país carente de ídolos e bons exemplos como o nosso.

Sendo assim, acho claramente possível vibrarmos orgulhosos com os golpes do Spider, assim como fizemos com as aceleradas de Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi; os aces e matchpoints de Guga Kuerten; os socos de Acelino Popó Freitas (e de Adilson Maguila Rodrigues, como não?); os saltos e rodopios de Daiane dos Santos e Diego Hypólitto na ginástica; as braçadas de César Ciello; e tantos outros exemplos.

Foto: Antonio Lacerda / EFE

Anderson Silva tem a seu favor o fato de ser reconhecido internacionalmente e poderosas ferramentas de marketing, que muitos dos que citei sequer sonhavam que um dia existiriam. Sem dúvida, a mais forte delas é o contrato com a 9ine, empresa de marketing esportivo de Ronaldo Fenômeno. E no UFC Rio, lá estava o eterno camisa 9 torcendo pelo amigo de camarote. E hoje, mesmo com o boicote da Rede Globo, lá estava The Spider como jurado da “Dança dos Famosos”, no Domingão do Faustão (diga-se de passagem, conselheiro da 9ine...).

Dentro do plano de tornar Anderson Silva de fato uma marca forte no Brasil, a 9ine vem executando um forte plano de mídia, como menciona a revista Exame. Entre eles, sua contratação pelo Corinthians, time de coração do lutador e o 2º (1º?) time mais popular do país (cujo faturamentom patrocínio Ronaldo fez saltar de R$ 16 milhões por ano para R$ 40 milhões). Incentivado pelo Spider, outros atletas do UFC estão se associando ao futebol (Minotauro e Paulo Thiago com o Cruzeiro já no lutaram no Rio representando Internacional e Cruzeiro, respectivamente).

E para o projeto obter sucesso, Anderson Silva já mostrou bom humor e nenhum constrangimento em fazer piada consigo mesmo. Um exemplo concreto são dois comerciais de um dos seus patrocinadores, a rede de fast food Burguer King. O grande destaque dos filmes é sua, digamos, peculiar voz...

“Campeão” sim, mas...

Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

Com um início tão fulminante quanto Anderson Silva no UFC, o Corinthians surpreendeu a todos nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro. Tal qual The Spider faz no octógono, o Timão ia aniquilando um a um seus adversários, chegando a impressionante marca de dez rodadas invicto, com um aproveitamento acima de 92% dos pontos disputados. Sim, foi um grande começo: apenas o começo...

A partir daí, o Coringão começou a tropeçar. E se não fossem bobeadas semelhantes de Flamengo e São Paulo, dificilmente o título simbólico do 1º turno viria. Afinal, o que aconteceu com o Corinthians? Não digo pela derrota de 2x1 diante do Palmeiras (afinal, “clássico é clássico...”). Mas é em um dia como hoje, que derrotas para os cambaleantes Cruzeiro e Figueirense e o empate com o trôpego Ceará em pleno Pacaembu fazem toda a diferença...

Sei das limitações do elenco, que o time vem sofrendo a várias rodadas com sucessivos desfalques, Tite tem errado em escalações... Porém, vendo de fora, parece visível um certo desânimo e, até mesmo, falta de vontade e muitos atleta (totalmente diferente do que demonstra Anderson Silva...).

Será algum problema interno no elenco, com racha no grupo ou algo do gênero? Difícil prever e, tudo que disser, será pura especulação. Limitações técnicas, sim, o time tem várias. Mas duro será ver mais um título escapar por pura bobeira e falta de vontade. E as 19 rodadas do 2º turno serão bem longas...

O Patrão

Sim, eu sei que a camisa florida e a bermudinha estão ridículas. Mas postei o vídeo aqui pela admiração que sinto por Sílvio Santos. Até já mencionei brevemente outro dia o carinho que sinto por ele. Alguém com uma trajetória de vida admirável como empresário e um comunicador simplesmente único, que jamais, em tempo algum, conseguirá ser substituído.

O vídeo foi exibido pelo SBT, em uma apresentação feita por ele a funcionários durante a comemoração dos 30 anos da emissora. Mais um vez, o Patrão deu mostras de sua tão conhecida espontaneidade, dando poucas mostras do homem que existe por trás do eterno mito e, especialmente, a força e determinação intermináveis, mesmo para alguém que já conquistou o que conseguiu e passou dos 80 anos. 

Força Doutor!

Felizmente, parece que tudo não passou de um susto e Sócrates já vem demostrando claros sinais de recuperação. Nome de filósofo, médico de formação e com grau de cultura e esclarecimento até hoje raríssimos no futebol brasileiro. 

Uma figura tão rara que só poderia mesmo estar diretamente ligado ao Corinthians, um clube que jamais pode ser considerado igual aos outros (e quem não faz parte dele, nunca conseguirá entender suas reais dimensões). Alguém já viu um time de futebol ser um dos símbolos de contestação na redemocratização de um país? Pois é...

Nasci em 1983, ano em que a Democracia Corintiana conquistou o Bi-Campeonato Paulista, e me fez tão interessado neste rico período da história do meu time (e que as gerações de hoje tem acesso facilitado, graças à internet). E de resto, creio que Cosme Rímoli explicou quem é o Doutor com muito mais competência do que eu poderia fazer.

E para fechar, uma amostrinha para quem não pode ver. Porque acima de tudo, o cara entendia só um pouquinho de bola...

"Let's don't let a good thing die..."

Somente hoje consegui assistir, via internet, ao último capítulo da novela "Insensato Coração" (mesmo estando ciente de tudo que havia acontecido na sexta-feira...). Não tenho pretensão de fazer aqui uma análise a respeito da obra, mas concordo com uma crítica que li em um blog hoje (não me lembro qual): longe ser uma novela que marcará época, mas entre erros e acerto, o saldo da história de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, com direção de Dennis Carvalho, é altamente positivo.

Mas hoje me dei conta de uma certa ironia: o fim da novela me fará lembrar de que? Numa trama onde os vilões de Glória Pires e Gabriel Braga Nunes se tornaram o centro das atenções; em que o público assumidamente torceu pela vilã Norma; em que o insonso casal protagonista foi sufocado por um estreladíssimo time de coadjuvantes (destaque para Natália do Vale, Antônio Fagundes, Ana Lúcia Torre, Deborah Evelyn, Ricardo Tozzi, Maria Clara Gueiros, Herson Capri, Lázaro Ramos, entre outros); em que temas pesados, como corrupção e homofobia foram discutidos com densidade...

Disto tudo, conclui que sentirei falta, de verdade, de ouvir Elvis Presley durante os capítulos! Em uma excelente trilha sonora, formada essencialmente por samba e MPB, a canção do Rei era exceção, juntamente com a versão de "Satisfacion", dos Rolling Stones (tema de vilão Léo). Aliás, gostei tanto da música que é a segunda vez que falo dela. Da primeira, postei uma inspiradíssima interpretação ao vivo do Rei. Agora, vale a reprise, porque encontrei uma versão compartilhável do remix utilizado pela Rede Globo.

O bom e velho Rock 'n Roll...

Foto: Paulo Ochandio

Assisti na semana passada a mais um show do Nasi, há quase 2 anos da última vez que ele esteve em Sorocaba. Até já comentei aqui sobre um dia em que nos encontramos, dentro da USP, mas foi muito estar de novo em um show e sair com a mesma sensação: o bom e velho Rock'n Roll nunca irá morrer! 

O repertório do show é essencialmente o do DVD "Vivo Na Cena", que tenho em formato MP3 a mais de um ano (até fui um dos poucos na platéia a conhecer todas as músicas apresentadas, nem que fosse só de cantarolar...). Aliás, as músicas do DVD estão integralmente disponíveis no Youtube.

Ai, seguiu-se uma noite repleta de sucessos do IRA!, Raul Seixas, Cazuza, The Clash, Zé Rodrix, João Bosco, Aldir Blanc, e bandas "alternativas" (sejam do cenário punk paulistano de 1980 ou do manguebeat nordestino da década seguinte).

E sou obrigado a concordar integralmente com o release disponível no site do artista: 

"Em seu DVD “Vivo na Cena” Nasi dá uma verdadeira aula de rock and roll e suas vertentes.É mais do que um simples DVD gravado ao vivo no estúdio, é um workshop musical, deveria ser instituído como matéria obrigatória nas escolas de música. Essas crianças de hoje deslumbradas com o pop “coxinha” (como ele mesmo descreve no DVD) deveriam todos assistirem esse DVD, pra pelo menos terem uma noção de como se faz rock and roll."

Foto: Paulo Ochandio

E foi esse o espírito dominante durante toda a noite! Com seu conhecido mais do que ácido, nosso Wolverine mostrou suas garras e detonou o que hoje em dia ousam chamar de rock! Sem citar um único nome, mas todo mundo entendeu muito bem para quem era o recado, e vibrava a cada estocada desferida por ele: de que "não há mal que para sempre dure"; a quantidade de "pocaria" que viu em 30 anos de estrada; Amy Winehouse indo embora enquanto "essas Paris Hilton, este monte de Patricinha metida a cantora..."

E para quem pensa que rock 'n roll é onde todos vivem num mundo cor-de-rosa, felizes, com suas calças coloridas, vocabulário imbecilizante e que ídolos têm traços femininos, óculos de plásticos e cabelos com formatos estranho, confesso: os vários goles de uísque que Nasi e os músicos compartilharam e, mesmo não sendo fumante, ver ele acendendo uns quatro cigarros durante o show - a ponto de se sentar no palco com um cigarro na boca e apenas conduzir o coral da platéia em uma música - foi um regozijo para a alma...

E o que mais me emocionou: o fato do show ter sido em um parque aberto, em comemoração ao aniversário da cidade, levou muitas famílias. Ver várias crianças com idades entre 4 e 10 anos de mãos dadas ou em cima dos ombros dos pais, que cantavam e pulavam a cada acorde me deixaram ainda mais feliz, com a mesma certeza do experiente roqueiro: não há mal que dure para sempre!

"Singulares letras vivas no céu..."

O Skank é uma banda que posso afirmar categoricamente conhecer profundamente a sonoridade. Seja em fita cassete, CD ou MP3, tenho comigo todos seus trabalhos. Até por isto, tenho entre minhas preferidas músicas que jamais chegaram ao topo de sucesso das rádios, programas de auditório ou trilhas sonoras de novelas.

Entre elas, "As Noites", uma das pérolas produzidas por Samuel Rosa e Chico Amaral. Ela foi gravada somente no CD "Cosmotron", o mais inspirado do quarteto mineiro (ao lado de "Maquinarama"), onde permanece escondida na faixa 2, sem qualquer atenção da mídia, artistas e até mesmo fãs. 

Só mesmo apreciando a letra e a música para compreendê-la. 

Aerosmith - Love In An Elevator

Voltando...

Após um período meio ausente, pretendo retomar a atividade deste blog de forma mais constante. Muita coisa aconteceu nestes últimos dois meses, que até despertaram em mim a vontade de escrever ou só mesmo compartilhar aqui curiosidades que achei pela internet. Agora, muitos deles já ficaram velhos, enquanto outros, simplesmente escapuliram da mente...

Uma série de fatores acabou me impedindo. Problemas pessoais que consumiram boa parte dos meus pensamentos por longas semanas; férias em que mais trabalhei do que outra coisa; uma viagem que atravessei o estado de São Paulo para um maravilhoso reencontro com amigos de verdade; uma intensa mudança de endereço, que incluiu uma colisão e 15 dias sem carro; mais de dez sem internet na casa nova...

Enfim: tudo isso passou e estou na área de novo, com tudo cada vez mais junto e misturado!

Isto que é liberdade de imprensa!

Há algum tempo que este vídeo circula na net, mas conheci ele apenas hoje, via e-mail. É uma tentativa de entrevista da jornalista Márcia Pache, da TV Centro-Oeste (retransmissora do SBT), com o vereador da cidade de Pontes e Lacerda (MT), Lorivaldo Rodrigues de Moraes (DEM), conhecido como Kirrainha. Simplesmente inacreditável...