terça-feira, 29 de novembro de 2011

Discrição única


Apesar de já ter falado uma vez, nunca é demais relembrar do excepcional George Harrison. O mais discreto, porém, igualmente talentoso Beatle, que perdia a batalha contra um câncer há exatos dez anos. 

Homenageando este genial compositor e instrumentista, indico um especial postado no site do jornal O Estado de São Paulo, principalmente a trajetória do artista e o bem sacado "Dez motivos para George Harrison ser seu beatle favorito".

Abaixo, algumas lembranças da obra do artista. Pois como lembrou o Estadão, muitas das músicas do quarteto não seriam as mesmas sem a presença dele.



domingo, 27 de novembro de 2011

90 minutos

Foto: Nikefutebol.com


É exatamente este o tempo que vai terminar em glória ou frustração. Hoje, sentimentos se alternaram, entre um grande sufoco, a sensação brevíssima de se sentir campeão e a decepção por ter que aguardar mais uma semana.

Apesar da vantagem de empatar ou até mesmo perder para o Palmeiras para ficar com o título, caso o Flamengo ganhe do Vasco, deixar a decisão para um clássico, na última rodada, será uma carga de adrenalina extrema.

Sem pretensões no campeonato, a grande motivação do Verdão será tirar nosso campeonato, depois de praticamente despachar o São Paulo da Libertadores, e os atletas quererem se garantir no elenco, que deve passar por grande reformulação. 

Já o Corinthians, temo o time sentir o peso da obrigação de ficar com o título. Sim, temos mais time e temos vantagem: basta jogar com a mesma vontade demonstrada no 2º tempo hoje. 

Para facilitar as coisas, bem que o Flamengo poderia vencer o Vasco. Afinal, mesmo com menos time, o rubro-negro briga por vaga na Libertadores e pegará um adversário desgastado por viagem e jogo da Copa Sulamericana. Quem sabe o aposentado Ronaldinho tenha outro lampejo do super-craque que ele foi um dia...

De resto, só resta torcer para que São Jorge, novamente, olhe por nós! Sim, corinthiano gosta de sofrer: quanto mais sofrido, melhor é o sabor do triunfo. Entretanto, até eu to achando que desta vez está demais...

Revoluções Por Minuto



Assisti na última sexta-feira (25) a um show do RPM aqui em Sorocaba. Apesar de, corneta como sou, cornetar algumas vezes as eternas idas e vindas da banda, o show é garantia de diversão. Mesmo alguns desentendimentos depois e os períodos de afastamento ao longo dos anos, Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e P.A. Pagni demonstram um perfeito entrosamento no palco e parecem se divertir junto com a platéia.

A exemplo de crítica que li recentemente no jornal O Globo, o clima na apresentação é de total volta aos anos 1980. Como já disse outras vezes, devo ter uns 10 ou 15 mais do que meu RG diz, pois sou muito fã de tudo relativo a este período.

É fato, como Jamari França disse, as separações do RPM impediram a renovação do público da banda, ao contrário do que aconteceu com seus contemporâneos - fenômeno notado especialmente com o Capital Inicial. Mas o fator é positivo, pois a grande maioria que estava lá aparentava ter mais de 25 anos e cantava os hits da banda na ponta da língua, além do quase cinquentão Paulo Ricardo provocar sobre a mulherada os mesmo efeitos que provocava quando a banda ia receber Discos de Ouro no Chacrinha ou no Globo de Ouro...


E o show foi especialmente montado para agradar a este público fiel. Achei ótima a sacada do telão exibir imagens históricas da banda, como programas de TV e capas e fotos de LPs enquanto os músicos e o público entoavam Revoluções Por Minuto, Rádio Pirata, Louras Geladas, Olhar 43, Alvorada Voraz, entre outros.

Excelente também o momento "Banquinho & Violão", com as mais calminhas "Onde está meu amor?" e as clássicas "London, London" e "A Cruz & A Espada". Eles tocaram inclusive "Dois", que Paulo Ricardo gravou em sua carreira solo - aquela lá: "Eu sei, que eu / Eu queria estar contigo / Mas sei, que não...". Aliás, esta fase romântica do artista é chamada por muito de brega! Entretanto, não vi um no show que não soubesse cantar...

Músicas inéditas? Foram umas 3 ou 4. Mas, afinal, quem lá queria saber delas mesmo?

domingo, 20 de novembro de 2011

Liderança Imperial

Foto: José Patrício / Agência Estado

Mais uma vitória épica, com cara do Corinthians. O Atlético-MG era eficiente na marcação e conseguiu fazer 1x0 a partir de um lance de bola parada, que se originou em uma bobeada de Danilo. Justamente ele, que neste Brasileiro calou minhas críticas e se confirmou com peça fundamental, mais precisamente, "O Cérebro" da equipe. O Timão conseguia pressionar, mas quando chegava, parava nas mão do ótimo goleiro Renan Rocha.

Emerson Sheik também fazia uma partida baste apagada, errando lances incomuns - como ele mesmo admitiu em entrevistas pós-jogo. Na minha opinião, era ele quem deveria ter saído para a entrada de Adriano. Mas Tite optou por tirar o sempre eficiente Willian, alteração que eu, assim como a grande maioria dos corintianos do Brasil, critiquei.

Mas, novamente Sheik provou ter estrela em momentos decisivos. Justamente dos seus pés, se originaram os gols da vitória, feitos pois dois homens nascidos para fazer gols: Liedson, decisivo como sempre e, principalmente, Adriano.

Mais de um ano sem balançar as redes, duas cirurgias depois e conhecido por seu frágil estado psicológico, o Imperador se tornou, ainda mais, alvo de duríssimas críticas, contestações e questionamentos neste período. Sua explosão depois de marcar o gol e sua vibração junto a Fiel simbolizam bem que, quem é importante, aparece no momento decisivo. E o que é melhor: pode garantir a ele a confiança de que tanto precisa.

Com certeza, mesmo se o Corinthians for Campeão Brasileiro, não faltarão críticas a Adriano, sobre o excesso de peso, salários altos, espírito baladeiro, etc., etc. e etc. Entretanto, faltando duas rodadas para o Brasileiro acabar, é possível que o Imperador realmente não faça nada em um ano: "apenas" o gol do título!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vitória por nocaute!


Logo que vi as primeiras imagens de divulgação do filme “Gigantes de Aço”, confesso não ter sentido vontade de assisti-lo. Imaginei se tratar de mais uma história de um pai relapso, que conhece o filho depois de anos e, e uma enxurrada de clichês depois, despertam os sentimentos e o amor verdadeiro. Entretanto, críticas favoráveis ao filme me fizeram mudar de idéia. Felizmente, descobri que estava enganado!

Longe de ser um marco na história do cinema, mas “Gigantes de Aço” combina diversão, adrenalina e emoção na medida certa. A melhor definição para ele é um entretenimento saudável para toda a família, sem níveis profundos de reflexão. Ou como bem definiu o site Omelete, o longa-metragem é uma espécie de “Rocky do século XXI”.

A Dreamworks conseguiu obter uma produção original misturrando elementos mais do que batidos, como as histórias de superação pessoal comuns em filmes de lutas (“Rocky – O Lutador”, “A Luta Pela Esperança”, “Menina de Ouro” etc.), pai e filho com relação conturbada (“Falcão, o Campeão dos Campeões” e “O Vencedor”), além de histórias emotivas com a marca de Steven Spielberg – guardadas as muitas diferenças, me lembrei um pouco de “Inteligência Artificial”.


Em 2020, o “Boxe de Robôs” a ser um dos esportes mais populares do mundo, ocupando o espaço que já foi do boxe e hoje é do MMA – afinal, a luta entre humanos teria perdido a graça. O ex-pugilista Charlie Kenton (Hugh Jackman) tenta sobreviver participando de campeonatos entre as máquinas valendo dinheiro, o que o deixa cada vez mais endividado.

Charlie então é obrigado a conviver com o garoto Max (Dakota Goyo), filho que teve com uma ex-namorada e, aos 11 anos, jamais conheceu ou teve qualquer informação sobre o pai. E é justamente no menino o diferencial do filme: ao invés de uma criança chata que acabou de perder a mãe e tem um pai relapso, Max é inteligente, irônico, ousado e teimoso - botando o malandro Charlie no bolso em muitas situações.



Outro protagonista da história é Atom, um ultrapassado robô sparring (criado para ser usado em treinos), achado pelo menino em um ferro-velho e com quem desenvolve uma relação de amizade e confiança. E graças à insistência de Max, Atom passa a participar de lutas e favorecer o nascimento de uma relação entre pai e filho. Sim, alguns clichês entram aqui, mas de uma forma leve e divertida, sem ser piegas!

Destaque também os elementos técnicos do filme, que retrata a visão de um futuro bem próximo. Os robôs-lutadores são muito bem feitos, assim como o ambiente dos ringues ilegais e da liga WRB, entidade equivalente ao UFC que conhecemos hoje.

Claro, os confrontos entre as máquinas em cima dos ringues são de tirar o fôlego! Para quem já torceu muito por Rocky contra Apolo Doutrinador, Clubber Lang, Ivan Drago, Tommy Gunn e Mason Dixon é impossível não fazer o mesmo por Atom diante dos adversários, muito mais fortes e poderosos do que ele!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

“Respeitável público!!!”



Assisti na noite do último domingo (6) ao filme “O Palhaço”, o segundo dirigido e co-roteirizado pelo ator Selton Mello. Considerei o longa-metragem muito melhor do que as diversas críticas favoráveis que li, além dos prêmios já conquistados pela produção. Impressionante como o filme consegue ser tocante de uma forma simples, contando com bom humor e sensibilidade uma história recorrente, porém, de uma forma diferente.

Selton Mello é o protagonista Benjamin, filho de Valdemar (Paulo José), fundador do Circo Esperança, personagem de uma ingenuidade e pureza claramente inspirada em Charlie Chaplin e outras referências citadas pelo diretor, como Oscarito, Didi Mocó e o cineasta francês Jacques Tati. No picadeiro, pai e filho superam a distância do seu relacionamento, transformando-se na dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue.

Mas sem a maquiagem e a fantasia, Benjamin sofre com busca por sua identidade e os problemas enfrentados no dia-a-dia pela trupe do paupérrimo circo, que se embrenha nas estradas pelas estradas de terra entre as cidadezinhas e lugarejos pelo interior do Brasil de uma data incerta, mas que deve estar entre os anos de 1970 e 80.



Dispensável falar da forma soberana com que Selton e Paulo José conduzem seus personagens: só mesmo vendo na tela a perfeita sintonia entre os dois, que realmente emociona. Importante também destacar o espírito de uma verdadeira família que une os artistas do Circo Esperança, nas inúmeras situações absurdas que eles vivem, que nos fazem rir e pensar.

Outro grande destaque do elenco é a garotinha Guilhermina, interpretada pela atriz Larissa Manoela que, aos 8 anos de idade, tem uma expressividade que muitos adultos jamais sonharão em chegar. A participação da criança na história nos faz lembrar de alguns clássicos do cinema, como “O Garoto”, de Chaplin, e “Mon Oncle” (“Meu Tio”), grande filme de Jacques Tati, que tive a oportunidade de assistir na faculdade.



A história do circo itinerante pelos confins do Brasil permite a aparição de tipos tão impagáveis quanto os artistas circenses, como prefeitos, delegado, violeiros e diversos tipos de picaretas. Entre as pequenas, porém marcantes participações especiais, vale destacar Tonico Ferreira, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem (sim: ele ainda existe!) e Jorge Loredo (sim, ele mesmo: Zé Bonitinho, o Perigote das Mulheres...)

Acima de tudo, o filme é competentíssimo em reproduzir na telona a magia transmitida pelo picadeiro!


domingo, 6 de novembro de 2011

"Faltou vontade. Foi ridículo"

Foto: Ari Ferreira / Lancenet


As palavras não são minhas, mas sim do presidente do Corinthians, Andres Sanchez. É simplesmente inacreditável a instabilidade do time, depois da espetacular virada diante do Avaí, apresentar um futebol simplesmente pífio diante do lanterna América-MG. O Coelho em nenhum momento pressionou ou jogou com a garra de quem quer escapar da degola, mas matou o jogo em duas bolas paradas, com o placar de 2 a 1.

Tudo bem que o pênalti contra o Timão foi inexistente, mas nada justifica o comportamento ridículo da equipe. Três chutes a gols em 90 minutos, para um time que é líder e busca o título? Ao contrário do que disse o técnico Tite, o Corinthians foi sim cagalhão hoje, jogando encolhido, como equipe pequena. 

E novamente numa rodada em que Vasco, Botafogo e Internacional perderam. Mas ao invés de disparar, o time vê Flamengo e Fluminense voltarem para a disputa do título. Sei não, mas to achando que treinador e jogadores não querem ser campeões...

sábado, 5 de novembro de 2011

Skank - Amores Imperfeitos

Universidade Pública

Foto: Tiago Queiroz / Agência Estado


Sempre defenderei ardorosamente a universidade pública, gratuita e de qualidade no Brasil. Muito do que sou e penso, devo a uma verdadeira vida que passei durante os 4 anos em que permaneci na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde me graduei em Jornalismo pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), no campus Bauru, em 2005. Cinco anos depois, embora em um contexto diferente, conclui um curso de especialização, pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) - a qual espero retornar em breve. 

Além da qualidade do ensino, dos professores e das inúmeras oportunidades de conhecimento, uma das coisas que mais me fascina na universidade pública é o fato de elas serem uma espécie de “universo paralelo”. É inigualável a experiência de se conviver com tamanha diversidade humana, levando em conta a formação familiar, localização geográfica, educação formal, orientação política, religiosa, sexual, entre outras. Isto fora o próprio ambiente, que te possibilita conhecer várias linhas de pensamento, leitura, pesquisa e estudos diferentes.

Mesmo assim, há algo em comum, pelo menos, para a maioria dos universitários: é um ideal de contestação e mudanças que você carrega dentro de si. Não digo um ideal revolucionário ou orientação partidária, mas sim um sentimento puro, em especial, quando você acaba de completar 18 anos, gosta de se manter bem informado e opta por um curso superior em Comunicação Social. 

Entretanto, lembro que, logo de cara, alguns fatores me fizeram perder um pouco deste encantamento. O movimento estudantil foi o principal deles, principalmente, seu uso político. Por mais que achasse justa a maior parte das reivindicações e reconhecer sim as falhas por parte do Poder Público, discordava muito dos métodos e procedimentos adotados e visão maniqueísta do Bem x Mal, inclusive com coação ao pensamento contrário, que resultaram com que me afastasse de qualquer tipo de envolvimento.

Muitas lideranças deste tipo de movimento que, com razão, apontam a partidarização das entidades estudantis (UNE, Ubes, entre outras), mas tentam esconder que não passam de células partidárias implantadas universidade. Ai passam a atacar os governos (sejam eles quem forem) e a “sociedade burguesa”, repetindo conceitos que Karl Marx pregava no século XIX e que, com certeza, teria atualizado se vivo estivesse  - a exemplo de diversos pesquisadores sérios presentes nas universidades, que se dedicam à obra de Marx.

Aliás, integrantes deste tipo de movimento adoram se rotular como “Marxista”, “Hegeliano”, “Lukácsiano”, “Bakuniniano”, entre outros. Mesmo que sequer tenham lido alguma obra completa ou compreendam a real dimensão destes teóricos. Apenas se limitam a repetir frases feitas (séculos atrás) e atacar toda a  alienação, que transforma a “sociedade burguesa” em "massa de manobra", alimentada pela “mídia neoliberal”.

Lembrei de tudo isso ao ver as imagens dos estudantes que hoje estão ocupando irregularmente o campus da USP, pois é indemissível esta postura dos que se julgam revolucionários, repetindo os clichês que falei, usando dinheiro público para passar por cima das leis, inclusive cobrindo os rostos de forma semelhante a criminosos.

Agora me respondam, qual revolução? A de pessoas que se julgam especiais para passar por cima das leis do Estado, mas que dependem do dinheiro dos pais até mesmo para comprar seu baseadinho? Até acho graça, pois alguns que agiam assim no passado, hoje também trabalham para “O Grande Capital” ou para "Burgueses Neoliberais da Direita". Afinal, hoje eles têm contas para pagar...

Felizmente, costumo manter o otimismo e sonho com uma universidade pública cada vez melhor. Para isso, espero muito que a comunidade acadêmica não só ataque o Poder Público, mas que se desencastele e se movimente, para que efetivamente cumpra seu papel de ensino, pesquisa e extensão. Afinal, o conhecimento deve chegar à toda população, pois, infelizmente, hoje em dia ele ainda está muito restrito às prateleiras das bibliotecas...