segunda-feira, 7 de novembro de 2011

“Respeitável público!!!”



Assisti na noite do último domingo (6) ao filme “O Palhaço”, o segundo dirigido e co-roteirizado pelo ator Selton Mello. Considerei o longa-metragem muito melhor do que as diversas críticas favoráveis que li, além dos prêmios já conquistados pela produção. Impressionante como o filme consegue ser tocante de uma forma simples, contando com bom humor e sensibilidade uma história recorrente, porém, de uma forma diferente.

Selton Mello é o protagonista Benjamin, filho de Valdemar (Paulo José), fundador do Circo Esperança, personagem de uma ingenuidade e pureza claramente inspirada em Charlie Chaplin e outras referências citadas pelo diretor, como Oscarito, Didi Mocó e o cineasta francês Jacques Tati. No picadeiro, pai e filho superam a distância do seu relacionamento, transformando-se na dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue.

Mas sem a maquiagem e a fantasia, Benjamin sofre com busca por sua identidade e os problemas enfrentados no dia-a-dia pela trupe do paupérrimo circo, que se embrenha nas estradas pelas estradas de terra entre as cidadezinhas e lugarejos pelo interior do Brasil de uma data incerta, mas que deve estar entre os anos de 1970 e 80.



Dispensável falar da forma soberana com que Selton e Paulo José conduzem seus personagens: só mesmo vendo na tela a perfeita sintonia entre os dois, que realmente emociona. Importante também destacar o espírito de uma verdadeira família que une os artistas do Circo Esperança, nas inúmeras situações absurdas que eles vivem, que nos fazem rir e pensar.

Outro grande destaque do elenco é a garotinha Guilhermina, interpretada pela atriz Larissa Manoela que, aos 8 anos de idade, tem uma expressividade que muitos adultos jamais sonharão em chegar. A participação da criança na história nos faz lembrar de alguns clássicos do cinema, como “O Garoto”, de Chaplin, e “Mon Oncle” (“Meu Tio”), grande filme de Jacques Tati, que tive a oportunidade de assistir na faculdade.



A história do circo itinerante pelos confins do Brasil permite a aparição de tipos tão impagáveis quanto os artistas circenses, como prefeitos, delegado, violeiros e diversos tipos de picaretas. Entre as pequenas, porém marcantes participações especiais, vale destacar Tonico Ferreira, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem (sim: ele ainda existe!) e Jorge Loredo (sim, ele mesmo: Zé Bonitinho, o Perigote das Mulheres...)

Acima de tudo, o filme é competentíssimo em reproduzir na telona a magia transmitida pelo picadeiro!


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