quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

“Choooora coraçããão...”



Assumo sem o menor pudor meu lado brega, como já comentei neste espaço mais de uma vez, ao contrário de muitos que gostam de posar por ai como membros de uma “elite cultural” e fazem “arte” às escondidas. Sem a menor ironia, considero Wando uma perda irreparável para a música brasileira.




Afinal, manter uma carreira de sucesso por quase 40 anos, com cerca de 500 músicas gravadas e mais de 10 milhões de discos vendidos não são marcas fáceis de serem atingidas por qualquer um. Ainda mais, fazendo shows por todo Brasil, emplacar vários hits ao longo dos anos nas rádios e em trilhas sonoras de novelas.


Acima de tudo, Wando se firmou no imaginário coletivo como um personagem da música brasileira. Nunca o vi ao vivo, mas passava a impressão de ser um cara extremamente gente boa e de bem com a vida.




E claro, a imagem sensual que construiu de si, mesmo sem ser um cara fisicamente atraente, como bem lembrou o sempre genial Xico Sá. Mas, com competência, soube combinar sua lendária coleção de calcinhas com declarações, gestos, perfomances e atitudes com suas letras românticas e de um cavalheirismo cafajeste, recheadas de um erotismo safado!



Só para fechar, contarei um episódio que presenciei aqui em Sorocaba em 2008, não em um show do Wando, mas do Zeca Baleiro – sem dúvida, um grande artista, mas por quem perdi parte do respeito desde então. Era uma apresentação da “Virada Cultural Paulista”, portanto, gratuita, no parque no entorno do Paço Municipal de Sorocaba.




Ao contrário do que se espera em uma apresentação deste tipo, Baleiro não cantou seu maiores hits, mas sim diversas músicas apreciadas somente por fãs mais ardorosos. Diante da frieza da maioria da platéia, o compositor respondeu, com certo desdém, à provocação de um espectador:

- “O que você estão querendo ouvir? Wando?

E diante da reação positiva, começou a dedilhar uns acordes no violão. E foi a única música que a platéia se extasiou e cantou inteira,  a plenos pulmões:

- “Você é luz! É raio, estrela e luar...”


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